domingo, março 12, 2006

Pedido de Casamento


Por: Vera Brant

Como é que eu poderia jurar amor eterno, se amo as criaturas e o mundo com a dosagem de amor de cada dia que renasço? Não, eu não deveria me casar com o Leandro. Amava-o, muito. Mas, quem garante que o amaria assim, com esta força, durante meses e meses, anos e anos?
Viria a rotina, com certeza. Os assuntos ficariam muito repetidos e eu tentaria inventar alguma história nova para contar-lhe, evitando aquele olhar desanimado de quem escuta histórias repetidas.
No início seria ótimo. Descobertas de pintinhas na coxa, nas costas, que corpo lindo, que mulher deliciosa, que isto, que aquilo.
Noites e noites de encantamento, o acordar feliz e encontrá-lo a meu lado. A vontade de ficar abraçada assim, não ir ao trabalho, só ficar juntinho, fazendo amor e falando bobagens e achando graça. O mundo lá fora se danando e a gente ali, naquele amor particular. Ele me amaria sem pressa, saberia dosar o amor e transformá-lo num acontecimento normal, como se amar fosse a coisa mais natural do mundo.
E eu ficaria pensando ser aquele o homem da minha vida, em quem poderia confiar sempre, sem censuras, sem freios. E lhe confiaria todos os meus anseios, as inseguranças e os medos.
O tempo passando, os gestos se repetindo, a monotonia assumindo. Ele passando a reclamar do arroz, dos legumes mal cozidos, da camisa mal passada, da batata gordurosa, já não gostando de quase tudo que adorava, antes.
Leandro se interessando por outra mulher mais jovem, eu percebendo os olhares com ondas, dos dois, e fingindo não entender, morta de ciúmes.
Ele se deitando na cama com um livro desinteressante só para não ter que me acariciar, naturalmente pensando na outra.
Eu me fazendo de idiota, com medo de perdê-lo.
E, quanto mais apavorada, mais desinteressante eu me tornaria.
E teria aquelas dúvidas idiotas de quem não tem coragem de trilhar novos caminhos: Será? Não estarei enganada?
Que nada, que nada. Quando a gente começa a achar, é porque já é. Tentaria reconquistá-lo e aí é que a coisa ficaria trágica.
Ele com aquele olhar distraído fitando longe, além de mim, e eu ali, perturbando o seu sonho.
Leandro sairia para jantar sozinho, aniversário de um colega solteiro, essas desculpas tolas. E eu fingiria acreditar, com receio de saber da verdade e ter que assumi-la, separando-me dele.
No meu trabalho, os colegas ficariam espantados com a minha metamorfose. Aquela mulher simpática, alegre, inteligente e engraçada encolhida num canto calada, triste e suspirosa.
Eu inventaria uma cólica qualquer para ir para casa chorar, com pena de mim.
Chegaria a um ponto que Leandro, não suportando a minha humildade e falta total de personalidade, pediria o desquite.
E eu sofreria meses e meses sem parar. E choraria tanto que até me desidrataria.
Depois, mesmo que ele pretendesse voltar, mais tarde, um dia, tudo seria diferente. Cada momento de angústia seria cobrado. Eu passaria a usar um freio para impedir as emoções, já agora censuradas. E passaria a conter as alegrias, na preocupação de ter de devolvê-las, mais tarde, no sofrimento.
Pensava tudo isto enquanto esperava o Leandro na noite em que me pediria aos meus pais, em casamento.
Aceitei, naturalmente.

terça-feira, março 07, 2006

Um coração sorridente.

Eu ouvi essa história e queria contar.. Se verdade ou não, provar eu não posso, mas se de acreditar torna verdade, então verdade ela é. =) E nada vai me fazer acreditar que isso não aconteceu naquela noite.

Antoine de Saint-Exupéry era piloto de avião e escrevia porque gostava. Foi então que em alguma guerra dessas da vida, ele estava a servir seu país, a França, quando foi pego por inimigos na Espanha se não minto. Foi preso, encarcerado, seus pertences remexidos e como era feito pelas manhãs, iria ser morto por um pelotão de fuzilamento.
Durante aquela madrugada angustiante sem previsão de nada mais, já que de vida tinha apenas poucas horas ele procurou na bolsa algo que pudesse passar o tempo.. sei lá.. algo! Achou cigarros, mas os fósforos tinham sido levados pelos guardas. Foi então que viu o carcereiro, perguntou se tinha fósforos para lhe acender o cigarro, este veio e tirou do bolso uma caixa de fósforos acendeu um e se abaixou para acender o cigarro e foi nesse momento em que seus olhares se cruzaram e Exupéry riu.
Isso acontece com agente toda hora, não é? Os olhares cruzam com uma pessoa no meio da rua, entrando em um lugar, um desconhecido mesmo e agente ri, não é verdade?
Pois foi assim, ele disse que não sabe por que sorriu, mas foi algo natural, o coração riu e ele externou. O carcereiro riu de volta e ficaram lá eles rindo aquele momentinho, foi então que o guarda lhe perguntou se tinha filhos, ele disse que sim e tirou umas fotos de dentro da bolsa e mostrou, o mesmo fez o outro e ficaram ali falando de suas crianças por um tempo e novamente veio outra pergunta do outro lado da grade.. quais os planos dele para os filhos (?)..Saint-Exupéry encheu os olhos d’água, respondeu que não tinha mais planos, pois não os veria mais. Houve um momento de silêncio e foi quando o guarda já não uma pessoa distante e fria se levantou e tirou do outro bolso as chaves da cela de Exupéry e abriu. Levou o piloto para fora da prisão, andou com ele pelas ruas da cidade naquela madrugada e num lugar escuro, distante de tudo libertou o prisioneiro, isso sem nada falar.
Talvez por isso, pelo coração sorridente de Exupéry que riu no momento em que os olhos dos dois enxergaram que além de guarda e prisioneiro ali havia também duas pessoas, duas vidas, que Saint-Exupéry não morreu aquela manhã e tenha vivido para contar não só essa, mas várias outras histórias, como por exemplo... ele escreveu um dos livros mais lidos, falados e conhecidos do mundo: O Pequeno Príncipe.


E escreveu frases como estas:

“Somente com o coração podemos ver com clareza. O essencial é invisível aos olhos.”
"Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas não vai só, nem nos deixa sós; leva um pouco de nós mesmos, deixa um pouco de si mesmo."
"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
"Se você não encontra o sentido das coisas é porque este não se encontra, se cria."

quarta-feira, março 01, 2006

Todo Carnaval Tem Seu Fi_nal Feliz??

De tanto ver as pessoas falarem de carnaval, relatarei o meu aqui. Bom...
Eu assisti todos os episódios de Lost existentes no meu computador e isso me rendeu saldo negativo de unhas. Poxa.. elas estavam tão lindinhas. =/
Eu me embrenhei no meio do mato, deitei em redinha e comi churrasco, dei tiro de chumbinho treinando pra ser a nova parceira do Jack e isso tudo ao som de ..."Doce, doce, doce. A vida é um doce. Vida é mel."... do dvd da Xuxa que minha sobrinha ama, talvez a única coisa que faz ela ficar quieta. =)

Eu vi mais uma vez "Em Busca da Terra do Nunca" e morri de chorar de novo e também morri, também de novo, de achar a trilha sonora uma das mais belas já ouvidas por ouvidos de Fada.
Eu ri muito com os comentários dos nossos queridos jornalistas nas transmissões do carnaval de avenida aqui em The. O que leva uma pessoa a dizer "A Sambão está inovando esse ano com uma ala para diversidade gay" (????????) Meu irmão disse que nessa inovadora ala tem: gay, viado, boiola, biba, bicha, mulherrrr e por aí vai. E olha que essa foi só uma das pérolas que escutei!
Falando em pérolas..
Eu nesse carnaval tirei meu atraso das revistas Época, nada muito interessante para se falar se não "as frases" já que a tempos as reportagens com poucas exceções não falam outra coisa se não: 2543541234 pessoas morreram no Iraque essa semana, o Bush é um otário (com manchetes mais diplomáticas) e dos presidenciáveis que são muitos pra uma vaga só. E voltando a falar das pérolas, tem uma presidenciável que é um luxo de se ler: “Possivelmente na outra encarnação eu fui baiano em algum momento da minha vida.” Lula de tão falante já ganhou até um lugarzinho especial chamado de “Assim falou Lula”. hahahahaha... E olha que eu até simpatizo com ele, mas essa não dava pra deixa passar!
Fui ao encontro dos rios, chupei picolé de leite condensado, tirei fotos, vi um camaleão e lembrei de quando estudava lá no Lerote da socopo, porque lá todo dia a gente via um! Deu uma saudade daquele tempo, aquela saudade boa que vem e passa, não dói e nem mata, mas trás aquele sorrisinho que a gente dá olhando pro chão lembrando das coisas, sabe como é? =)
Eu fiz brigadeiro, eu comi cuscuz, tirei mais fotos da Hanninha, fiz esse blog, fiz outros fotologs, tá tudo nos links.
Eu fiz.. eu fiz.. eu fiz.. Fiz muita coisa, né? Só não fiz pular carnaval nem dançar axé, mas tudinho que está aí em cima eu fiz! E foi bom! E foi um carnaval feliz, feliz. =)