terça-feira, agosto 08, 2006

Não tem Título

Esta é uma redação feita por uma aluna do curso de Letras, da UFPE Universidade Federal de Pernambuco - Recife, que obteve vitória em um concurso interno promovido pelo professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa. Vejam que maravilha de texto!!! (Publicada na coluna LIVRE PENSAR, de Ivaldo Gomes).


"Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos.
O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado e permitiu esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal e entrou com ela em seu aposto. Ligou o fonema e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar. Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto. Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula, ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele e foram para o comum de dois gêneros. Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.
Estavam na posição de primeira e segunda pessoas do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, ocuções e exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história. Os dois se olharam e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente! Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto. Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-à-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo e culminaria comum complemento verbal no artigo feminino. O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu tema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.

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E ainda há quem diga que já esgotamos todas as possibilidades de uso da língua falada e escrita. Pelo jeito, quem fez tal afirmação não leu esse texto.

quarta-feira, abril 19, 2006


Sou Rica, Alegre e Forte
Tenho Amor, Dinheiro e Sorte
Sou Saudável, Inteligênte
Vivo Positivamente

terça-feira, abril 04, 2006

Somos muito mais que isso.

Nós meninas realmente somos muito intrigantes, engraçadas, dramáticas; eu sei, eu sei, somos muito mais que isso; divertidas, inteligentes, criativas! Muito mais que isso também, mas o ponto que quero chegar hoje está mais bem relacionado com os três adjetivos primeiro citados, antes do “eu sei, eu sei” lá em cima, vai ler.
Pois é, eu estava me lembrando outro dia das minhas paixões, sempre intensas e quase sempre platônicas; obrigada Senhor pelo ‘quase’! É que temos uma mania intrigante de gostar de quem nem sabe o nosso nome ou daquele cara que é morto de apaixonado pela namorada dele. Vocês me entendem, né?
O primeiro caso é a nossa parte engraçada. O menino não conhece a gente, mas nós o conhecemos e isso basta! Mas quando ele fica com “outra” que na verdade não é nem outra, é só a menina que o cara gato que não sabe seu nome tá ficando. Mesmo assim a coitada sofre as conseqüências de beijar a boca de quem você queria estar beijando. É xingada de tudo quando é nome e “filha d’uma mãe” é o mais bonito deles!
E pensa que o bonitão escapa? Claro que não.. de tanto que você olha pra ele a noite toda, falando, aliás, gritando na sua mente: “Eu vim toda linda pra ver se ele olhava pra mim e ...” Capaz de no outro dia ele acordar com dor de barriga de tanta negatividade!
O segundo caso é o dramático. Você está cega de amor por um menino e ele tem namorada. Vocês não entenderam, essa não é a má notícia. A péssima notícia é que ele é super apaixonado por ela e nem nota que você, ali, do ladinho dele, está se derretendo só de ouvir sua voz.
A parte mais triste da história é quando descobrimos que nossa rival, aquela que agente chama de “futura ex no nosso futuro namorado” é uma pessoa legal, simpática, gente boa. E não tem como detestar ela por, talvez, merecer o nosso sonho de consumo. E ficamos envergonhadas só de lembrar que quisemos roubar o namorado dela.
Mas como eu disse, é bem verdade que nós, somos muito mais que apenas engraçadas e dramáticas, somos sonhadoras quase por tempo integral, todos dizem que sonhar não paga imposto. Então sonhem! Mas olha lá de vez em quando esse sonho deve virar verdade!

[PS.: Esse texto tem 2 anos. Passa rápido, né?]

domingo, março 12, 2006

Pedido de Casamento


Por: Vera Brant

Como é que eu poderia jurar amor eterno, se amo as criaturas e o mundo com a dosagem de amor de cada dia que renasço? Não, eu não deveria me casar com o Leandro. Amava-o, muito. Mas, quem garante que o amaria assim, com esta força, durante meses e meses, anos e anos?
Viria a rotina, com certeza. Os assuntos ficariam muito repetidos e eu tentaria inventar alguma história nova para contar-lhe, evitando aquele olhar desanimado de quem escuta histórias repetidas.
No início seria ótimo. Descobertas de pintinhas na coxa, nas costas, que corpo lindo, que mulher deliciosa, que isto, que aquilo.
Noites e noites de encantamento, o acordar feliz e encontrá-lo a meu lado. A vontade de ficar abraçada assim, não ir ao trabalho, só ficar juntinho, fazendo amor e falando bobagens e achando graça. O mundo lá fora se danando e a gente ali, naquele amor particular. Ele me amaria sem pressa, saberia dosar o amor e transformá-lo num acontecimento normal, como se amar fosse a coisa mais natural do mundo.
E eu ficaria pensando ser aquele o homem da minha vida, em quem poderia confiar sempre, sem censuras, sem freios. E lhe confiaria todos os meus anseios, as inseguranças e os medos.
O tempo passando, os gestos se repetindo, a monotonia assumindo. Ele passando a reclamar do arroz, dos legumes mal cozidos, da camisa mal passada, da batata gordurosa, já não gostando de quase tudo que adorava, antes.
Leandro se interessando por outra mulher mais jovem, eu percebendo os olhares com ondas, dos dois, e fingindo não entender, morta de ciúmes.
Ele se deitando na cama com um livro desinteressante só para não ter que me acariciar, naturalmente pensando na outra.
Eu me fazendo de idiota, com medo de perdê-lo.
E, quanto mais apavorada, mais desinteressante eu me tornaria.
E teria aquelas dúvidas idiotas de quem não tem coragem de trilhar novos caminhos: Será? Não estarei enganada?
Que nada, que nada. Quando a gente começa a achar, é porque já é. Tentaria reconquistá-lo e aí é que a coisa ficaria trágica.
Ele com aquele olhar distraído fitando longe, além de mim, e eu ali, perturbando o seu sonho.
Leandro sairia para jantar sozinho, aniversário de um colega solteiro, essas desculpas tolas. E eu fingiria acreditar, com receio de saber da verdade e ter que assumi-la, separando-me dele.
No meu trabalho, os colegas ficariam espantados com a minha metamorfose. Aquela mulher simpática, alegre, inteligente e engraçada encolhida num canto calada, triste e suspirosa.
Eu inventaria uma cólica qualquer para ir para casa chorar, com pena de mim.
Chegaria a um ponto que Leandro, não suportando a minha humildade e falta total de personalidade, pediria o desquite.
E eu sofreria meses e meses sem parar. E choraria tanto que até me desidrataria.
Depois, mesmo que ele pretendesse voltar, mais tarde, um dia, tudo seria diferente. Cada momento de angústia seria cobrado. Eu passaria a usar um freio para impedir as emoções, já agora censuradas. E passaria a conter as alegrias, na preocupação de ter de devolvê-las, mais tarde, no sofrimento.
Pensava tudo isto enquanto esperava o Leandro na noite em que me pediria aos meus pais, em casamento.
Aceitei, naturalmente.

terça-feira, março 07, 2006

Um coração sorridente.

Eu ouvi essa história e queria contar.. Se verdade ou não, provar eu não posso, mas se de acreditar torna verdade, então verdade ela é. =) E nada vai me fazer acreditar que isso não aconteceu naquela noite.

Antoine de Saint-Exupéry era piloto de avião e escrevia porque gostava. Foi então que em alguma guerra dessas da vida, ele estava a servir seu país, a França, quando foi pego por inimigos na Espanha se não minto. Foi preso, encarcerado, seus pertences remexidos e como era feito pelas manhãs, iria ser morto por um pelotão de fuzilamento.
Durante aquela madrugada angustiante sem previsão de nada mais, já que de vida tinha apenas poucas horas ele procurou na bolsa algo que pudesse passar o tempo.. sei lá.. algo! Achou cigarros, mas os fósforos tinham sido levados pelos guardas. Foi então que viu o carcereiro, perguntou se tinha fósforos para lhe acender o cigarro, este veio e tirou do bolso uma caixa de fósforos acendeu um e se abaixou para acender o cigarro e foi nesse momento em que seus olhares se cruzaram e Exupéry riu.
Isso acontece com agente toda hora, não é? Os olhares cruzam com uma pessoa no meio da rua, entrando em um lugar, um desconhecido mesmo e agente ri, não é verdade?
Pois foi assim, ele disse que não sabe por que sorriu, mas foi algo natural, o coração riu e ele externou. O carcereiro riu de volta e ficaram lá eles rindo aquele momentinho, foi então que o guarda lhe perguntou se tinha filhos, ele disse que sim e tirou umas fotos de dentro da bolsa e mostrou, o mesmo fez o outro e ficaram ali falando de suas crianças por um tempo e novamente veio outra pergunta do outro lado da grade.. quais os planos dele para os filhos (?)..Saint-Exupéry encheu os olhos d’água, respondeu que não tinha mais planos, pois não os veria mais. Houve um momento de silêncio e foi quando o guarda já não uma pessoa distante e fria se levantou e tirou do outro bolso as chaves da cela de Exupéry e abriu. Levou o piloto para fora da prisão, andou com ele pelas ruas da cidade naquela madrugada e num lugar escuro, distante de tudo libertou o prisioneiro, isso sem nada falar.
Talvez por isso, pelo coração sorridente de Exupéry que riu no momento em que os olhos dos dois enxergaram que além de guarda e prisioneiro ali havia também duas pessoas, duas vidas, que Saint-Exupéry não morreu aquela manhã e tenha vivido para contar não só essa, mas várias outras histórias, como por exemplo... ele escreveu um dos livros mais lidos, falados e conhecidos do mundo: O Pequeno Príncipe.


E escreveu frases como estas:

“Somente com o coração podemos ver com clareza. O essencial é invisível aos olhos.”
"Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas não vai só, nem nos deixa sós; leva um pouco de nós mesmos, deixa um pouco de si mesmo."
"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
"Se você não encontra o sentido das coisas é porque este não se encontra, se cria."

quarta-feira, março 01, 2006

Todo Carnaval Tem Seu Fi_nal Feliz??

De tanto ver as pessoas falarem de carnaval, relatarei o meu aqui. Bom...
Eu assisti todos os episódios de Lost existentes no meu computador e isso me rendeu saldo negativo de unhas. Poxa.. elas estavam tão lindinhas. =/
Eu me embrenhei no meio do mato, deitei em redinha e comi churrasco, dei tiro de chumbinho treinando pra ser a nova parceira do Jack e isso tudo ao som de ..."Doce, doce, doce. A vida é um doce. Vida é mel."... do dvd da Xuxa que minha sobrinha ama, talvez a única coisa que faz ela ficar quieta. =)

Eu vi mais uma vez "Em Busca da Terra do Nunca" e morri de chorar de novo e também morri, também de novo, de achar a trilha sonora uma das mais belas já ouvidas por ouvidos de Fada.
Eu ri muito com os comentários dos nossos queridos jornalistas nas transmissões do carnaval de avenida aqui em The. O que leva uma pessoa a dizer "A Sambão está inovando esse ano com uma ala para diversidade gay" (????????) Meu irmão disse que nessa inovadora ala tem: gay, viado, boiola, biba, bicha, mulherrrr e por aí vai. E olha que essa foi só uma das pérolas que escutei!
Falando em pérolas..
Eu nesse carnaval tirei meu atraso das revistas Época, nada muito interessante para se falar se não "as frases" já que a tempos as reportagens com poucas exceções não falam outra coisa se não: 2543541234 pessoas morreram no Iraque essa semana, o Bush é um otário (com manchetes mais diplomáticas) e dos presidenciáveis que são muitos pra uma vaga só. E voltando a falar das pérolas, tem uma presidenciável que é um luxo de se ler: “Possivelmente na outra encarnação eu fui baiano em algum momento da minha vida.” Lula de tão falante já ganhou até um lugarzinho especial chamado de “Assim falou Lula”. hahahahaha... E olha que eu até simpatizo com ele, mas essa não dava pra deixa passar!
Fui ao encontro dos rios, chupei picolé de leite condensado, tirei fotos, vi um camaleão e lembrei de quando estudava lá no Lerote da socopo, porque lá todo dia a gente via um! Deu uma saudade daquele tempo, aquela saudade boa que vem e passa, não dói e nem mata, mas trás aquele sorrisinho que a gente dá olhando pro chão lembrando das coisas, sabe como é? =)
Eu fiz brigadeiro, eu comi cuscuz, tirei mais fotos da Hanninha, fiz esse blog, fiz outros fotologs, tá tudo nos links.
Eu fiz.. eu fiz.. eu fiz.. Fiz muita coisa, né? Só não fiz pular carnaval nem dançar axé, mas tudinho que está aí em cima eu fiz! E foi bom! E foi um carnaval feliz, feliz. =)

segunda-feira, fevereiro 27, 2006

A volta dos pensamentos com asas


Os pensamentos, como os corpos das Fadas, tem asas e voam longe. Vão pra onde o amor também pode ser chamado de cor. É tão bonito de se ver.
É um lugar cheio de encantos claro, mas a realidade não se distancia com facilidade, pois o real e os sonhos tem a mesma parede dividindo é como o nosso muro com o do vizinho.
Aqui, em novo endereço de virtualidades volto a fazer meus encantos por encomenda e solto então as asas da minha mente, que nunca teve acorrentada é bem verdade, só um pouco guardada na caixinha de estrelas coloridas com, por que não dizer como diz o André**, jujubas de todas as cores e tamanhos, para todos os gostos.
Novamente, não só pensamentos, mas sentimentos, encantamentos, gargalhadas, ilusões, fatisfações, conhecimentos, descobertas, amizades, amores profundos e simples paixões me acompanharam nessas letrinhas coloridas ou não, acompanhadas de imagens, de sorrisos ou de lagrimas, aqui elas estarão. Esperando para um dia quem sabe aprender a voar junto com o pensamento e é mais solto e não menos verdadeiro.
Bem vindos de volta e para os novos.. senta, olha, sorri! =)



** André Gonçalves